O mercado de trabalho está mais apto a reconhecer seus funcionários GLBT?

Há alguns anos, a resposta a essa pergunta seria fácil. Diversidade sexual era um tema que passava longe da administração de recursos humanos e sequer se pensava em deixar um homossexual incluir seu parceiro no plano de saúde da empresa.
Hoje, há sinais de mudança. Em alguns casos, as empresas não apenas reconhecem a existência de GLBT no mercado de trabalho como também estende direitos que antes eram exclusivos de heterossexuais. Entram nesse rol, além do plano de saúde, questões relativas à pensão, licença médica, auxílio família e outras. É esse o caso, por exemplo, do ABN Amro Bank, que possui um grupo de trabalho específico sobre diversidade sexual que conta com o apoio e a participação de membros do primeiro escalão da diretoria. Essa também é a situação de boa parte das empresas do governo federal, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Requerer esses benefícios não é apenas uma questão de direito, mas também de bem estar. Em um ambiente mais repressivo, gays são obrigados a se apresentar pela metade. Enquanto os colegas héteros chegam na segunda-feira contando o que fizeram no fim de semana, os homossexuais podem ser obrigados a omitir onde foram, para não dizer, por exemplo, que se jogaram na boate gay. Também nunca admitem que namoram outro homem, sendo obrigados a usar o genérico "pessoa". O funcionário homossexual não coloca porta-retrato de seu companheiro na mesa de trabalho e, quando são casados, dizem que moram "com um amigo"."Muitos profissionais que hoje temos nas empresas não se manifestam por questão de preconceito. Alguns até aparecem com mulheres nas festas da empresa ou mesmo optam por casar e ter uma vida paralela", diz Maria Inês Felippe, vice-presidente da Associação Paulista de Administradores de RH.
A discriminação, segundo o advogado trabalhista Samuel Barrosch, começa já no processo de seleção. "As empresas seguem procedimentos inquisitoriais. Se um candidato disser que pratica esportes, é solteiro e tem mais de 30 anos, pode ser eliminado pelos recrutadores, que entenderiam isso como indícios de homossexualidade. É um absurdo, mas vejo isso acontecer regularmente", afirma. Vemos, portanto, que há um paradoxo: enquanto algumas empresas estão abertamente reconhecendo seus funcionários gays, outras ainda querem que a diversidade sexual passe longe de suas portas.
Fica, portanto, a pergunta: o mercado de trabalho está mais tolerante à diversidade sexual ou a discriminação ainda predomina?
Escrito por Ferdinando Martins
1 comentários:
Adorei essa reportagem, realmente muita coisa anda mudando, infelizmente em nossa cidade existe muito preconceito ainda, mas estamos começando a contornar essas situações.
31 de julho de 2007 às 05:02Eu e minha namorada trabalhamos pela mesma empresa e somos super respeitadas, todos nos tratam super bem, sabem de nosso relacionamento, até frequentam a nossa casa, é muito bom, ainda não conseguimos benefícios, mas estamos aí na luta, é só ter calma e paciência, afinal moramos em um país burocrático.
Felicidades á todos.
Bjim.
Carla Santos
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